Informativo JDL n. 37 | Mar-Abr 2025
Olá, sejam muito bem-vindas, bem-vindos e bem-vindes ao Informativo JDL desse mês!
Essa é a edição de março e abril da newsletter do grupo de pesquisa Jornalismo, Direito e Liberdade, vinculado à Escola de Comunicações e Artes da USP e ao Instituto de Estudos Avançados da USP. Aqui você encontra um balanço das nossas atividades, publicações do grupo nos últimos meses, além de eventos, oportunidades acadêmicas e dicas culturais ligadas aos nossos temas de pesquisa. Boa leitura!
Estamos falando sobre…
Quando o autoritarismo e a desinformação ameaçam o jornalismo e a democracia
A ascensão das grandes plataformas de tecnologia ao centro gravitacional da economia global e das esferas públicas ocorre simultaneamente à ascensão da extrema direita em governos no mundo todo. Essa associação dos dois fenômenos não é ocasional e nem trivial.
Embora o autoritarismo e a desinformação não estivessem no DNA da rede mundial de computadores e outras tecnologias digitais de informação e comunicação, o enfraquecimento dos modelos anteriormente abertos, educativos e não proprietários de tecnologia e negócios, e a atual hegemonia de sistemas fechados, excludentes e monopolizados, fez com que essas tecnologias se aproximassem e se associassem cada vez mais aos métodos e ideologias da extrema direita, baseadas na ocultação, no mérito e na homogeneização social.
A imagem da posse de Donald Trump, rodeada de bilionários da tecnologia, e as declarações de Mark Zuckerberg, que minimizam a desinformação em nome de uma suposta liberdade de expressão, são exemplos dessa parceria atual entre o autoritarismo e a desinformação. Essa parceria representa talvez os maiores desafios já enfrentados pelas democracias e os jornalismos, hoje mais precisamente pensados no plural.
Esse é o cenário enfrentado pelos artigos do dossiê “Desinformação e Democracia”, publicados no dia 24 de março por pesquisadores do JDL e colegas na revista Estudos Avançados da USP, os quais fundamentam nosso interesse presente de dialogar e fortalecer redes com profissionais e instituições da informação, da comunicação e da cultura. Nesta edição do nosso informativo damos destaque a essa especial publicação, construída com grande esforço coletivo do grupo.
Atividades de março
Aula Magna de Natalia Viana sobre Jornalismo Investigativo independente e internacional na ECA-USP
A jornalista investigativa Natália Viana foi a responsável por ministrar, em 2025, a aula inaugural do curso de Jornalismo da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Durante o encontro, Viana compartilhou detalhes de sua trajetória no jornalismo e sua experiência à frente da Agência Pública, que ajudou a fundar.
Na aula, Viana ofereceu um relato de sua colaboração com o WikiLeaks, tema central de seu novo livro, O Vazamento (Ed. Fósforo, 2024). Viana explicou como foi convidada a participar da divulgação de mais de 250 mil documentos diplomáticos confidenciais dos Estados Unidos, sendo cerca de 3.500 referentes ao Brasil.
“Quando cheguei à Inglaterra, Julian Assange me disse que eles tinham um novo vazamento: 250 mil documentos diplomáticos americanos de embaixadas ao redor do mundo”, contou a jornalista. Assange, segundo Viana, buscava garantir uma perspectiva do Sul Global sobre os arquivos, por isso convidou jornalistas independentes de diversos países para a tarefa. Sua missão era clara: elaborar uma estratégia de divulgação dos documentos no Brasil e escrever reportagens para o site do WikiLeaks — tudo isso em apenas dez dias, e sem qualquer remuneração.
A experiência foi decisiva para a criação da Agência Pública, voltada ao jornalismo investigativo com olhar independente.
No evento, Natália Viana também comentou os desdobramentos das investigações iniciadas a partir do material do WikiLeaks. Ela citou suspeitas recorrentes sobre a influência de interesses estrangeiros em eventos políticos recentes do Brasil, como o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff e a Operação Lava Jato. “Tem o dedo americano? Não sabemos, mas seguimos investigando. Ainda não conseguimos provar, mas teremos novidades no final do ano. Fiquem ligados na Agência Pública”, afirmou.
O encontro contou, também, com a participação de Eugênio Bucci e Dennis de Oliveira, professores titulares da ECA-USP, e mediação de Vitor Blotta, também professor da instituição. O evento foi realizado pelo Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA-USP e pelo grupo de pesquisa Jornalismo, Direito e Liberdade, o contou com o apoio do Jornal da USP, da Agência Pública e da Editora Fósforo.
A íntegra da aula inaugural pode ser vista no Youtube:
Dossiê Desinformação e Democracia
Os artigos do dossiê “Desinformação e Democracia” na edição n. 113 da revista Estudos Avançados, renomada publicação ligada ao Instituto de Estudos Avançados da USP, foram gestados desde o ano de 2020, quando, premido pela pandemia, o JDL desenvolveu o programa de trabalho “Jornalismos e Poderes Contemporâneos”. Artigos produzidos nos encontros daquele ano, junto às produções de 2021 sobre direitos digitais e novos autoritarismos, e o programa Jornalismo, Desinformação e Democracia, em 2022, resultaram no conjunto de textos ora publicados, e em outras publicações, como os textos de Ciro Marcondes Filho e Robin Celikates no volume 18, n. 1 da revista Matrizes USP (2024).
Reproduzimos abaixo os resumos dos cinco textos do dossiê, que é acompanhado de outros dossiês de grande relevo para o tema geral da edição 113: Democracia. Infelizmente nem todos os textos enviados foram contemplados e nem todos os pesquisadores do grupo puderam assinar textos no dossiê, mas consideramos essa publicação fruto de um intenso esforço coletivo de cada um e cada uma que dialogou e dialoga conosco nesses dez anos de existência do JDL. Muito obrigado aos colegas e editores!!
Desinformação, democracia e regulação - Vitor Blotta e Eugênio Bucci
Resumo – Neste artigo propomos uma discussão do conceito desinformação a partir de um diálogo com a literatura atual sobre seus impactos nas democracias ocidentais. Argumentamos que a desinformação precisa ser pensada como um ambiente gerado pela “ordem desinformativa”, um fenômeno mais profundo e estrutural que resulta da associação das crises das culturas políticas democráticas com as lógicas de funcionamento das plataformas digitais. Em seguida, explicamos como a compreensão superficial do fenômeno tem resultado em respostas insuficientes e às vezes contraditórias das instituições públicas, o que nos leva a propor, como aprofundamento da discussão normativa, modelos mais sistemáticos de análise das iniciativas de regulação jurídica contra à desinformação. Somente com uma compreensão mais aprofundada do fenômeno, com suas características sistêmicas e estruturais, será possível propor políticas públicas adequadas e eficientes para combatê-lo.
Do jornalismo transnacional aos experimentos em blockchain no combate à desinformação - Magaly Prado e Ben-Hur Demeneck
Resumo – A desinformação mina valores da cultura democrática, como a livre circulação do diverso e do contraditório, expressas no jornalismo pelo exercício do direito à informação. Este estudo contextualiza e lança perspectivas sobre como sociabilidades de descentralização por meio do jornalismo transnacional, da validação de dados por agências de checagem de informações e de experiências de uso de tecnologia blockchain constrangem a indústria das mensagens falsas. Tais decursos têm o potencial de mitigar problemas relativos à liberdade de imprensa, desde ameaças à integridade física dos jornalistas, até enfrentar o capitalismo de vigilância e a ditadura de algoritmos das big techs que modulam a esfera pública com interesses escusos.
Ameaças das plataformas digitais ao jornalismo: contributos para a regulação - Rogério Christofoletti
Resumo – Este artigo enfatiza como as plataformas digitais apresentam riscos reais ao jornalismo e à democracia pois contribuem para sua deterioração por meio de estratégias agressivas de expansão. De caráter ensaístico e baseado em literatura especializada e na documentação de casos no Brasil e exterior, o texto sistematiza parte da convivência conturbada de dois sistemas centrais na experiência contemporânea: estruturas plataformizadas e o jornalismo tradicional, um histórico provedor social de informações. Big techs como Alphabet/Google e Meta/Facebook mostram-se determinadas a concentrar mercados e avançam sobre as principais atividades econômicas, culturais e sociais, impulsionando seus negócios para a maximização de lucros e a neutralização da concorrência, provocando danos colaterais que fragilizam formas tradicionais de convivência social e comunicação massiva. Apesar das consequências deletérias à indústria jornalística, as big techs sustentam discursos de apoio ao setor, materializados em programas de fomento, treinamento profissional e suporte empresarial. Entretanto, esses investimentos são insuficientes para minimizar os prejuízos gerados pelas próprias plataformas. Este artigo, ao final, chama a atenção para a necessidade de regular as plataformas no Brasil, fortalecendo a democracia e outros valores relevantes para a vida coletiva.
Cala a boca, jornalista: intimidação e desinformação como políticas de Estado - Camilo Vannuchi, João Gabriel de Lima e Taís Gasparian
Resumo – No presente artigo, os autores analisam episódios recentes de cerceamento das liberdades de imprensa e de expressão promovidos e incentivados pelo Governo Federal, sobretudo na gestão Bolsonaro (2019-2022), bem como expõem os anacronismos de um ordenamento jurídico que, em muitos casos, protege e avaliza diferentes formas de intimidação e perseguição a jornais e jornalistas. Tais episódios explicitam o uso político da desinformação, ora convertida numa política de Estado não oficial, e colaboram para o esgarçamento da democracia, conforme apontado por diferentes monitores internacionais de qualidade democrática. Segundo um deles, o V-Dem, o Brasil é um dos dez países em que a democracia mais se deteriorou no último decênio, em grande medida em razão da queda nas notas do país nos quesitos liberdade de imprensa e liberdade acadêmica.
Mídias sociais e as disrupções da democracia - Clifford Griffin e Vitor Blotta
Resumo – O anglicismo “disrupção” é a palavra da moda para caracterizar os impactos das mídias digitais nas áreas da economia e da comunicação. No entanto, não estão claros os efeitos da centralidade das mídias sociais sobre os espaços públicos e, portanto, sobre os direitos básicos à informação e à comunicação necessários à legitimidade das instituições democráticas. Neste texto, discutimos esses impactos por meio do mapeamento das tendências de uso dessas plataformas no globo, do estado atual das tensões com as mídias de massa tradicionais, pelo que entendemos como o paradoxo das mídias sociais, e pela análise de questões específicas, como a informação pública, o sentido do público e do social, a transparência e o acesso à informação. Defendemos que as mídias sociais têm a responsabilidade de se engajar num processo multissetorial e internacional de governança digital, que inclui a discussão sobre conteúdos danosos, liberdade de internet, a transparência algorítmica e o acesso à informação, sob o risco de terem ameaçadas sua confiabilidade política e até mesmo econômica.
Na academia e na imprensa
Publicações de pesquisadoras e pesquisadores do JDL
O coordenador do JDL, professor Vitor Blotta, publicou o artigo intitulado “Café e liberdade combinam com dignidade” na seção de opinião da Folha de S. Paulo. Blotta contextualiza e defende, a partir das reflexões de Habermas, que a liberdade de expressão não legitima discursos de ódio, e a proteção à dignidade é, sim, um pressuposto da esfera pública democrática. Sem ela, a própria democracia está ameaçada.
Nos dias 21 e 22 de maio, a USP sediará o 1° Congresso Internacional de Emissoras Públicas. O evento tem como organizadores Eugênio Bucci, o professor titular e coordenador do JDL; e Gislene Nogueira, pesquisadora do grupo. As inscrições são gratuitas. Estudantes, pesquisadores e profissionais podem enviar resumos expandidos para apresentação em grupos de trabalho em emissoraspublicas.usp.br/congresso.
A estreia da temporada 2025 do programa Universo das Emissoras Públicas na Rádio USP traz um panorama de como será o congresso. A edição conta com uma entrevista com Enéas Carlos Pereira, vice-presidente da Fundação Padre Anchieta e também diretor de programação da TV Cultura, que será um dos participantes do evento.
Eugênio Bucci foi um dos convidados da mesa redonda “O presente e o futuro do jornalismo - Insights”. A iniciativa comemorou os 30 anos da publicação Jornalistas&Cia e foi realizada no auditório da ESPM.
Nesta segunda-feira (07/04), às 10h30, acontecerá o lançamento do Manual de Redação de Jornalismo Comunitário no Auditório Freitas Nobre da ECA-USP. O livro é coordenado pelo professor da ECA, Dennis de Oliveira, e conta com a participação da pesquisadora do JDL, Edilaine Felix.
Luciana Moherdaui analisa “O que faltou discutir nas propostas para regular big techs?” na coluna publicada pelo site Poder360. A pesquisadora do JDL apresenta e discute a tipologia de provedores proposta pelo Comitê Gestor da Internet com o intuito de assessorar o Legislativo e o STF (Supremo Tribunal Federal) na discussão sobre regular big techs.
Januária Alves fez uma análise da série “Adolescência” na coluna “Uma criança acusada de um crime e o que temos a ver com isso” escrita para o Jornal Nexo e também em entrevista ao programa Revista CBN (no vídeo a partir das 2h04). Para a integrante do JDL, ao colocar na tela os dilemas do que é ser adolescente nos dias de hoje, a série “retrata, sobretudo, como a violência real e digital está totalmente interligada nos universos on e offline”.
A pesquisadora Laura Mattos, entrevistou a escritora Bárbara Carine, autora do “Como Ser um Educador Antirracista”, vencedor do prêmio Jabuti, na categoria educação. A intelectual também é responsável pelo perfil “Uma Intelectual Diferentona”, sucesso nas mídias sociais. Na entrevista, publicada na Folha de S.Paulo, a pensadora fala das marcas do racismo na formação de crianças e jovens e aponta caminhos para uma educação antirracista.
O 1º Seminário Regional de Comunicação Pública de Minas Gerais será realizado nesta terça e quarta-feira (08 e 09/04), das 14h às 18h, em formato on-line. O evento é coordenado pelo colaborador do JDL, Agnaldo Montesso, que também atua como diretor regional da ABCPública em Minas. Mais informações e inscrições: seminariominas.abcpublica.org.br.
Novidades
Leituras de referência indicadas pelo JDL
A UNESCO divulgou o relatório de avaliação de prontidão para ética na Inteligência Artificial no Brasil, um diagnóstico inédito que analisa como o país está se preparando para desenvolver e implementar a IA de forma ética, inclusiva e responsável. A partir de cinco dimensões — jurídica/regulatória, social/cultural, científica/educacional, econômica e técnica/infraestrutural —, o documento traça um panorama detalhado das políticas públicas, capacidades institucionais e desafios nacionais no campo da IA. O relatório também reúne os resultados das amplas consultas públicas realizadas com representantes da sociedade civil, governo, setor privado e comunidades tradicionalmente marginalizadas, como indígenas e quilombolas. A publicação apresenta ainda 17 recomendações voltadas à regulação, ao fortalecimento do framework institucional e à capacitação humana, apontando caminhos para que o Brasil construa um ecossistema de IA comprometido com os direitos humanos, a justiça social e o desenvolvimento sustentável.
Em março, foi publicado o livro Metodologias em pesquisas acadêmico-científicas: subjetividades, afetações e práticas, organizado pelos professores Shelton Lima de Souza e Francisco Aquinei Timóteo Queirós. A coletânea, publicada pelos selos da Nepan e da Editora da Universidade Federal do Acre (Edufac), reúne contribuições de pesquisadoras e pesquisadores de todas as regiões do Brasil e propõe um olhar sensível, crítico e desestabilizador sobre os modos de fazer pesquisa. Com prefácio de Luís Mauro Sá Martino, a obra questiona os sentidos tradicionais da ideia de “pesquisa” e convida à escuta de epistemologias contra-hegemônicas, marcadas por afetos, subjetividades e deslocamentos.
A 38ª edição da Revista Mediação, publicada pela Universidade FUMEC, destaca um dossiê especial sobre Comunicação e Epistemologias Feministas, reunindo 17 artigos que exploram diferentes intersecções entre gênero, mídia e conhecimento, sob curadoria das pesquisadoras Juliana Gobbi Betti, Débora Cristina Lopez e Ana Veloso. O dossiê aborda desde o protagonismo de mulheres negras na blogosfera e no rádio até debates sobre aborto, feminicídio, representações digitais e o impacto do feminismo de mercado na publicidade. Além dos artigos, a edição traz uma entrevista com a historiadora Margareth Rago, referência nos estudos epistemológicos feministas no Brasil, oferecendo um panorama sobre a trajetória e os desafios desse campo no país.
Lançado em março pelo Governo Federal, o Guia “Crianças, Adolescentes e Telas” traz recomendações baseadas em evidências sobre o uso consciente de dispositivos digitais. O material é fruto de uma construção coletiva — que envolveu sete ministérios, mais de 20 organizações da sociedade civil e a participação direta de crianças e adolescentes — e vai além do debate sobre o tempo de tela. O documento aborda temas como cidadania digital, proteção de dados, racismo algorítmico, cyberbullying e responsabilidades compartilhadas entre famílias, escolas, plataformas e o Estado.
Agende-se!
Eventos e oportunidades acadêmicas
Fora de Ordem? Reflexões Críticas sobre Big Tech, Desigualdades e Futuros
A crescente consolidação de riqueza e poder no setor tecnológico tem se tornado um ponto focal para a reflexão sobre a ordem social, a intensificação das desigualdades sociais e compreensão dos futuros digitais. O Simpósio de Pesquisa 2025, da Universidade de Sheffield, Reino Unido, é organizado pela Digital Society Network e pelo Departamento de Sociologia e tem como objetivo reunir pesquisadores de qualquer estágio de carreira e criar um espaço interdisciplinar para refletir criticamente sobre a Big Tech e discutir maneiras pelas quais podemos intervir em um mundo fora de ordem.
Acontece dia 27 de junho de 2025. Para contribuir com uma apresentação, envie um título curto, resumo e biografia para Harrison Smith (harrison.smith@sheffield.ac.uk) e/ou Laura Connelly (l.connelly@sheffield.ac.uk) até 10 de maio. O evento será presencial, e a participação será limitada aos apresentadores. Não há taxas de participação.
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Chamada de capítulos sobre extrema direita
Alguns colegas do Instituto Canadense de Estudos de Extrema Direita (CIFRS) estão pedindo capítulos de livros para o volume em que estão trabalhando intitulado "Verdades Alternativas: O Poder de Mídias sociais e desinformação no fascismo de extrema direita". A ideia é examinar como o movimento de extrema direita usa mídia alternativa ao lado de plataformas tradicionais, e como isso impacta o público ao espalhar desinformação e promover aceitação de ideologias fascistas.
Mais informações aqui. O resumo deve ser entregue até 25 de maio.
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Chamada para artigos: Distúrbios da comunicação, desinformação e gênero na esfera digital
adComunica é uma revista científica de estratégias, tendências e inovação em comunicação está lançando uma chamada para artigos para as seções Report e Tribune: Research and Profession de sua 30ª edição, programada para julho de 2025. O prazo para entrega dos textos finais é 15 de abril de 2025.
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Universidade Berkeley abre vagas para bolsistas de pós-doutorado na Escola de Informação
O programa da Escola de Informação da Universidade da Califórnia, Berkeley, está buscando até 4 acadêmicos de pós-doutorado. Detalhes das posições estão disponíveis aqui. Essas posições têm um mandato fixo de dois anos e são projetadas para ajudar acadêmicos a lançar um programa de pesquisa ativo.
Na cabeceira
Dicas de leitura e do que fazer com o controle remoto e outros dispositivos
Livro do mês – 1
O vazamento: memórias do ano em que o wikileaks chacoalhou o mundo
De: Natália Viana
Ed. Fósforo | São Paulo | 2024
R$ 89,90 | R$ 62,90 (e-book)
Se ser repórter equivale a ser uma testemunha da história a jornalista e autora de “O Vazamento”, Natália Viana, pode ser considerada uma das testemunhas da história recente do nosso tempo. Como ela narra, de maneira instigante e eletrizante no livro, com certeza ela vivenciou um momento histórico do jornalismo mundial. Única jornalista brasileira a fazer parte da equipe do Wikileaks, liderado por Julian Assange, Natália fez parte do chamado cablegate, o maior vazamento de documentos classificados de todos os tempos, que revelou ao mundo mais de 250 mil telegramas diplomáticos secretos dos Estados Unidos entre novembro de 2010 e e setembro de 2011.
Como ela mesma contou em sua visita à ECA, onde ministrou a aula inaugural do curso de Jornalismo e Editoração, o livro vai além de um registro de sua experiência como jornalista – uma aula sobre os desafios e glórias da profissão, diga-se de passagem – é um diário pessoal e um conjunto de reflexões sobre temas como machismo da imprensa, passando pela delicada questão da frequente violação dos direitos humanos dos profissionais da mídia (como ocorreu com Assange), até o questionamento sobre a crise da imprensa contemporânea diante do poderio das Big Techs, que alteraram profundamente a nossa relação com a informação. Uma obra necessária não apenas para os profissionais da imprensa, mas para todos os cidadãos que se interessam em compreender as transformações profundas pelas quais a sociedade está passando, como o retorno da intolerância e do autoritarismo.
Série do mês
Fio da Meada: Vanessa Cavalieri não quer prender seu filho
Série de Podcasts da Rádio Novelo
Disponível em todas as plataformas de podcasts
Na esteira do sucesso da minissérie “Adolescência”, lançamento mundial da Netflix, a juíza Vanessa Cavalieri, titular da Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro desde 2005, viu os seus alertas sobre a necessidade de cuidarmos das crianças e adolescentes no que se refere ao uso dos dispositivos e plataformas digitais, ganhar atenção e escala no país. A obra, que conta a história de um garoto de 13 anos acusado de assassinar a sua colega de escola na Inglaterra, chocou famílias, educadores e cidadãos em geral ao evidenciar uma crise de violência nesta faixa etária que vem aumentando drasticamente em todo o mundo. E, como a magistrada já mostra faz tempo, aqui no Brasil, casos como estes, infelizmente, também já são uma realidade. “O que eu quero é chocar os pais para que entendam como é absurdo deixar uma criança ou adolescente nas redes sem supervisão”, ela afirma, em uma entrevista de quase uma hora com a apresentadora do podcast Fio da Meada, Branca Vianna.
De forma clara e contundente ela relata os casos que têm aparecido na Vara de Infância e Adolescência, evidenciando que hoje em dia os crimes digitais estão presentes nos lares de famílias de todas as classes sociais e que, portanto, a violência no universo on-line está se espalhando como pólvora na vida real, causando estragos físicos, emocionais e sociais não apenas para quem os comete, mas para suas famílias e por fim, para toda a sociedade. “Não é invasão de privacidade os pais olharem o celular dos filhos. O ambiente digital não é seguro”, ela faz questão de frisar, convidando as famílias a exercerem sua autoridade impondo os limites necessários à educação de seres em formação.
Sem dúvida uma entrevista que vale a pena ouvir e depois refletir qual é o nosso papel como cidadãos digitais no contexto em que vivemos.
Livro do mês – 2
Foco roubado: os ladrões de atenção da vida
De: Johann Hari
Ed. Vestígio | São Paulo | 2024
R$ 50,76 | R$ 48,22 (e-book)
“Toda a genialidade da IA e dos algoritmos é voltada para apenas uma coisa. São máquinas projetadas para hackear e colher sua atenção. É como meu amigo Tristan Harris, que também trabalhava no Google, explicou quando testemunhou perante o Senado: você pode tentar ter autocontrole, mas há 10 mil engenheiros do outro lado da tela trabalhando duro para miná-lo. Quando você ouve isso pela primeira vez, pensa que estamos presos na matrix. Mas a mídia social não precisa funcionar dessa maneira”, afirma Johann Hari, autor de “Foco roubado” em uma entrevista à Revista Gama, refletindo sobre o tema central de seu livro: a nossa dificuldade em manter o foco em um mundo inundado de informações e estímulos. Sua obra, escrita a partir de entrevistas realizadas com mais de 200 especialistas e estudiosos do assunto — entre eles, funcionários arrependidos do Google, neurocientistas e uma autoridade em sono – e em locais tão diversos quanto uma favela no Rio de Janeiro e uma cidadezinha no interior da Nova Zelândia, discorre sobre as razões pelas quais nossa atenção tem se reduzido cada vez mais e que, ao contrário do que se alardeia por aí, a responsabilidade não é apenas das mídias sociais, mas de problemas que vão da crise climática à arquitetura os escritórios onde trabalhamos.
Informativo e claro, “Foco roubado”, além de descortinar as razões pelas quais estamos enfrentando uma verdadeira crise de atenção, revela evidências científicas de que há 12 fatores que podem melhorar ou piorar a nossa atenção, nos convidando a transformar este cenário. E segundo ele, nós podemos resolver esse problema: “Há muitos passos importantes acontecendo em todo o mundo. A luta começou, todos precisamos nos juntar a ela”. Quem se habilita?
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