Informativo JDL n. 28 | Mar-Abr 2024
Olá, sejam muito bem-vindas, bem-vindos e bem-vindes ao Informativo JDL desse mês!
Essa é a newsletter do grupo de pesquisa Jornalismo, Direito e Liberdade, vinculado à Escola de Comunicações e Artes da USP e ao Instituto de Estudos Avançados da USP. Aqui você encontra um balanço das nossas atividades, publicações do grupo nos últimos meses, além de eventos, oportunidades acadêmicas e dicas culturais ligadas aos nossos temas de pesquisa. Boa leitura!
Estamos falando sobre…
Comunicação Xamânica e Datificação
O Grupo Jornalismo, Direito e Liberdade/JDL promoveu, no dia 1º de abril, o seminário inicial de seu plano de trabalho para 2024. Com o tema “Do Comunicar ao Habitar: desafios epistêmicos da comunicação diante do Antropoceno e das Emergências Climáticas”, o evento debateu as transformações sociais e os impactos ambientais causados pela expansão de redes e bases de dados cada vez mais complexas.
Mediado pelo coordenador do JDL, Vitor Blotta (ECA/IEA-USP), o seminário teve exposição do professor Massimo Di Felice (ECA/USP), e debate de Kimberly Anastacio (American University). Di Felice é coordenador do grupo de pesquisa ATOPOS (ECA/USP), e é graduado em Sociologia pela Università degli Studi La Sapienza, com doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado em Sociologia pela Universidade Paris V Descartes, Sorbonne. Em sua exposição, o professor partiu do conceito de Antropoceno para tratar da relação entre ser humano, tecnologia e natureza, abordando as ideias de "Comunicação Xamânica" e "Datificação da Sociedade".
Doutoranda pela American University, Kimberly Anastacio tratou, a partir de estudos no campo da comunicação ambiental, da questão da materialidade das mídias digitais, numa discussão que abordou as questões infraestruturais da internet, sua interação com o meio ambiente e a concretude de seus efeitos.
O seminário integra as atividades de pesquisa do JDL dedicadas, em 2024, à investigação dos fenômenos da digitalização e datificação da vida, e ao surgimento do que tem sido diagnosticado como “ordem desinformativa”.
A íntegra do evento pode ser vista no YouTube do IEA/USP:
Atividades de março e abril
Podcast do JDL já está no ar
Está no ar a edição inaugural do Podcast Jornalismo, Direito e Liberdade. A iniciativa, viabilizada pelo Programa José Reis de Incentivo ao Jornalismo Científico (Mídia Ciência), traz entrevistas com integrantes do grupo e registros de eventos.
No programa inicial, o entrevistado é o coordenador do JDL, o professor Vitor Blotta (ECA/IEA-USP). Na conversa, Vitor trata dos aspectos mais recentes de sua pesquisa sobre comunicação, técnica e novas perspectivas do conhecimento. O podcast é editado por Tiago Soares, pesquisador bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP.
O programa pode ser ouvido gratuitamente na plataforma Spotify:
JDL lança conta no Instagram
O grupo Jornalismo, Direito e Liberdade conta, agora, com perfil oficial no Instagram. Na página, seguidoras e seguidores encontram novidades sobre os seminários do grupo, bem como sobre as produções de seus integrantes suas participações na academia e na imprensa.
O Instagram do JDL pode ser seguido clicando no link: https://www.instagram.com/jdlusp/
Pesquisadores do JDL ficam em primeiro lugar na seleção de bolsa CAPES
Os pós-graduandos Bruno Henrique de Moura e Lizete Nóbrega ficaram em primeiro lugar na seleção de bolsas da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para mestrado e doutorado, respectivamente. Ambos os discentes são orientados pelo professor Vitor Blotta. No âmbito do mestrado, Bruno Moura desenvolve o projeto “O gravador no banco dos réus”, que busca entender o impacto que ações judiciais apresentadas em desfavor de jornalistas podem causar na liberdade de expressão destes profissionais. Já Lizete Nóbrega desenvolve no doutorado o projeto “A plataformização do jornalismo: efeitos e caminhos para a sustentabilidade”, que pretende explorar os movimentos internos e externos ao jornalismo como possibilidades de vislumbrar um jornalismo sustentável em um ambiente plataformizado.
Na academia e na imprensa
Publicações de pesquisadoras e pesquisadores do JDL
O Instituto Vladimir Herzog lançou a série de quatro podcasts “Eu só disse meu nome” sobre a história do estudante da USP Alexandre Vannucchi Leme, torturado e morto durante a ditadura militar. Em 1973, o estudante de geologia foi preso por agentes do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna), órgão de repressão política e usado como centro de tortura de militantes presos. A reportagem, o roteiro e a apresentação do podcast são do jornalista e pesquisador do JDL Camillo Vannuchi, que é também primo de Alexandre.
Os pesquisadores do JDL Laura Mattos, Januária Alves e Victor Vicente compõem a equipe do projeto “curti, e daí?”, realizado pelo Instituto Vero com apoio do YouTube para promover a educação midiática. A série em formato de videocast abre espaço para estudantes, influenciadores e pesquisadores conversarem sobre o impacto das mídias sociais e os caminhos possíveis para uma boa convivência no ambiente digital. Os episódios estão disponíveis no portal do Instituto Vero, no Youtube e nas plataformas de agregadores de áudio.
Autora premiada de livros infantojuvenis e educomunicadora Januária Cristina Alves e a jornalista Clara Becker abordaram a proposta de equipes de ajuda para envolver os jovens na resolução de casos de intimidação, exclusão, bullying e cyberbullying nas escolas. As autoras falam sobre a implementação da estratégia de ajuda entre iguais aplicada no Brasil desde 2015 no texto “Bullying e cyberbullying: ouvir os jovens é parte da solução”, publicado pelo portal Lunetas.
As pesquisadoras do JDL Lizete Nóbrega e Luciana Moherdaui analisaram as medidas anunciadas em março pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o combate à desinformação durante as eleições municipais. Liz Nóbrega comentou as regras em entrevista vinculada pela TV Brasil sobre a inauguração do Centro Integrado de Enfrentamento à Desinformação e Defesa da Democracia (CIEDDE) em Brasília. Para Luciana Moherdaui, faltou elucidar os critérios que serão aplicados na avaliação das informações. Em texto publicado no Portal 360, a autora afirmou ainda que “não cabe ao Estado definir verdade e mentira”.
A Comissão Europeia anunciou as diretrizes a serem cumpridas por plataformas digitais para garantir a integridade das informações que circulam sobre as eleições parlamentares no continente marcadas para junho. Luciana Moherdaui analisou as normas e comentou ainda sobre as pesquisas para tentar desenvolver um software capaz de detectar deepfakes no portal Poder 360: “Eleição na Europa é teste para a Lei de Serviços Digitais”.
O professor titular da ECA/USP e pesquisador do JDL Eugênio Bucci analisou três manchetes adversativas publicadas pelos jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e O Globo em uma edição em março. Bucci acredita que a divisão da sociedade pela polarização política contribui para entender a escolha dos editores em escrever os títulos das capas. “Um dos padecimentos mais penosos do jornalismo profissional, hoje, é tentar falar, ao mesmo tempo, para os dois polos”, afirmou em texto “Manchetes adversativas”, publicado no jornal O Estado de S. Paulo e replicado no site A terra é Redonda.
Novidades
Leituras de referência indicadas pelo JDL
Moisés Costa e Suzana Barbosa, pesquisadores da Universidade Federal da Bahia, investigaram o uso de inteligência artificial (IA) em produtos jornalísticos brasileiros, analisando sua evolução histórica e tipos de sistemas utilizados. Eles realizaram uma busca em repositórios utilizando termos específicos relacionados ao jornalismo e IA. A análise incluiu a avaliação dos impactos da IA na produção e distribuição de notícias no jornalismo digital brasileiro, abordando questões como uso de bancos de dados, aproximação com plataformas e fontes de financiamento. Os resultados indicam avanços no uso de IA de baixo custo e baixo impacto, principalmente na forma de bots, facilitando a incorporação de processos inovadores pelas mídias digitais nativas. Leia “Artificial Intelligence (AI) in Brazilian Digital Journalism: Historical Context and Innovative Processes” aqui.
A International Review of Information Ethics publicou o Dossier To Combat Disinformation, composto por nove artigos - vários deles de pesquisadores brasileiros - que formam um conjunto plural e diversificado e proporcionam uma visão abrangente do espectro do fenômeno da desinformação e suas formas de identificação, por meio de múltiplas lentes. Os autores tratam de temas como educação midiática, o papel dos bots no debate público brasileiro, questões sobre a prática jornalística nesse combate e apontamentos sobre o uso de IA no enfrentamento à desinformação.
Os pesquisadores Kiki de Bruina, Rens Vliegenthart, Sanne Kruikemeier e Yael de Haan investigaram o fenômeno do afastamento de notícias no artigo “Who Are They? Different Types of News Avoiders Based on Motives, Values and Personality Traits”. Neste estudo, os autores buscam explorar perfis de evasores de notícias com base em motivos, valores e traços de personalidade, relacionando-os com características demográficas e hábitos de consumo. Com pesquisa realizada na Holanda em 2022, eles identificaram sete perfis distintos, fornecendo uma compreensão mais detalhada desse fenômeno.
Agende-se!
Eventos e oportunidades acadêmicas
Vaga para pós-doc
A University of Tennessee, Knoxville está contratando um pesquisador para um estágio de pós-doutorado na área de informação na Information Integrity Institute at the College of Communication and Information. A análise das candidaturas continuará até que a vaga seja preenchida. Se você é doutor, inscreva-se.
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A International Women’s Media Foundation procura bolsista para direitos humanos
O programa Elizabeth Neuffer Fellowship oferece oportunidades acadêmicas e profissionais para aprimorar as habilidades de reportagem de mulheres e jornalistas não binários que se concentram nos direitos humanos e na justiça social. A bolsa foi criada em memória da correspondente do The Boston Globe e vencedora do prêmio IWMF Courage in Journalism (1998), Elizabeth Neuffer, que morreu enquanto reportava no Iraque em maio de 2003. O bolsista concluirá pesquisas e cursos no Centro de Estudos Internacionais do MIT e fará estágios de jornalismo no The Boston Globe e no The New York Times. Inscrições até 21 de abril.
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Simpósio sobre regulação das plataformas
A Coalizão Direitos na Rede, frente composta por mais de 50 organizações, realiza o Simpósio “Regulação de plataformas digitais – A urgência de uma agenda essencial à democracia”, no dia 23 de abril. Para se inscrever, informar no título do e-mail – Inscrição para Simpósio “Regulação de plataformas digitais”, e no corpo do texto o nome completo e a instituição/entidade que você faz parte. Encaminhar para o e-mail: contato@direitosnarede.org.br
Na cabeceira
Dicas de leitura e do que fazer com o controle remoto e outros dispositivos
Livro do mês – 1
Nação Dopamina: por que o excesso de prazer está nos deixando infelizes e o que podemos fazer para mudar
De: Anna Lembke
Ed. Vestígio | São Paulo | 2024
R$ 69,80 | R$ 48,90 (e-book)
Nós estamos vivendo a era da dependência, que está estreitamente ligada à dopamina, conhecida como um dos hormônios da felicidade, pois quando liberada provoca a sensação de prazer, satisfação e aumenta a motivação para realizarmos as tarefas cotidianas.
A quantidade de viciados em drogas ilícitas no mundo subiu de 25 milhões em 2003 para 39,5 milhões em 2021, um aumento de 58%. E uma das dependências que mais preocupam os médicos e cientistas é o vício em smartphones. Segundo dados da McGill Uiniversity, o Brasil está em 4º no ranking dos países com mais viciados nesses aparelhos. Essa dependência pode levar à ansiedade, depressão e dificuldades de concentração, pois o constante fluxo de notificações e a necessidade de estar sempre conectado criam um ciclo vicioso de atenção fragmentada.
Em “Nação dopamina”, Dra. Anna Lembke, psiquiatra e professora da Escola de Medicina da renomada Universidade Stanford, e uma das mais respeitadas especialistas em dependência química da atualidade, defende que as “drogas digitais” “ativam os mesmos circuitos que as drogas mais tradicionais, como o álcool” e nessa obra explora as novas descobertas científicas que explicam por que a busca incansável do prazer gera mais sofrimento do que felicidade – e o que podemos fazer a respeito.
Em setembro a pesquisadora, cujo seu foco é no estudo das drogas digitais (ela também é autora do livro “Nação tarja preta”) estará no Brasil no evento “Fronteiras do Pensamento. Para maiores informações veja aqui.
Podcast do mês
A Ditadura recontada
Série de Podcasts da Globoblay e CBN
Disponível no site e no aplicativo da CBN, no Globoplay e em todas as plataformas de podcasts
"A gente conhece os fatos, conhece as decisões, conhece as repercussões, mas não conhece necessariamente como eles foram engendrados, como eles foram construídos. O que aconteceu antes dessas questões todas virem a público? As reflexões dessas pessoas? E mesmo tendo nos livros, acho que a gente se surpreende em ouvir a voz desses personagens. E alguns áudios que estão colocados no podcast são muito emblemáticos e, ao mesmo tempo, muito fortes, trazem coisas que a gente sabia, mas que ouvindo da boca dos personagens tem outro impacto", diz Ana Maria Straube roteirista do podcast “A Ditadura recontada”, que estreou mês passado, para relembrar os 60 anos da ditadura no Brasil.
Segundo a produção, que pesquisou em quase 300 horas de áudios do arquivo do jornalista Elio Gaspari, autor de cinco livros sobre o regime militar, além de em diversos acervos, como os da TV Globo e do Sistema Globo de Rádio, esse podcast ajudará o público a entender como alguns dos militares que deram o golpe em 1964 trabalharam, anos depois, para desmontar a ditadura que eles mesmos estabeleceram. “A Ditadura Recontada” demorou quase dois anos para ser produzido, por envolver uma vasta pesquisa em uma grande quantidade de material. A editora Bárbara Falcão conta, por exemplo, como até a inteligência artificial ajudou a recuperar alguns áudios importantes do período histórico: "O Gaspari tem a transcrição desses áudios. A gente consegue saber o conteúdo mesmo que o áudio esteja com essa qualidade ruim. Mas, no podcast, a gente não tem essa possibilidade da pessoa ler uma transcrição enquanto ela está ali ouvindo (...). E a gente tem ferramentas de inteligência artificial que conseguem clonar vozes, né? Então, eu fui tentar clonar a voz do próprio Geisel para que a gente reproduzisse a fala dele na própria voz dele, só que com a qualidade melhor", explicou.
Material importante de se conhecer, paraque possamos jogar luzes sobre esse período tão sombrio da nossa história.
Livro do mês – 2
Arriégua: Ói as fake news
É caroço as fake news
Manuais de checagem de notícias da Coar notícias
PDF gratuitos que podem ser baixados pelos links: https://drive.google.com/file/d/1sz2JheXCDQK8lk_wHmbJzD_m7FHobUWa/view
https://drive.google.com/file/d/1WXB2npf33r1zS0PyPEH-qInj9PvqkjA9/view
A Coar Notícias, primeira agência de checagem de notícias do estado do Piauí, lançou duas brochuras inovadoras e criativas destinados às populações da região Norte e Nordeste do Brasil, o “Arriégua: Ói as fake news” e “É caroço as fake news”. O material, feito por e para a população dessas regiões, “traduzindo” as reflexões e dicas práticas para as expressões faladas por eles em seu cotidiano, tem como objetivo ajudar esse público na identificação de informações falsas e na prevenção de golpes pela internet. A proximidade e a simplicidade da linguagem com certeza facilitam, e muito, a compreensão dos principais conceitos que envolvem a checagem de notícias, uma prática nem sempre utilizada pelo grande público e que tem se revelado fundamental para combater a desinformação e as fake news.
“Iremos levar educação midiática, técnicas de checagem, além de despertar o senso crítico sobre informação de qualidade em crianças, jovens e idosos” explica a fundadora da Coar e criadora do manual, Marta Alencar, que também é professora substituta da Universidade Federal do Maranhão. Como o material é gratuito e de fácil acesso, está sendo divulgado entre professores da escola básica para que possa ser utilizado em sala de aula e, além de em formato de texto, também está disponível em áudio. Na luta contra a desinformação materiais com a “cor local” são instrumentos fundamentais para aproximar o grande público dessa prática tão fundamental.
Vale ler e divulgar.
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